Os alunos das turmas 1 e 3 do 10º ano foram convidados a produzir pequenos poemas a partir de desencadeadores de escrita criativa. Confrontados com uma listagem muito limitada de vocábulos, fizeram o melhor que puderam. Não seleccionei os melhores. Publico todos e esta actividade vale pela experiência de brincar com as palavras.
Filomena Silva
1oº 1
O cão aldrabão
estava abandonado,
então o João
espalhou bifes dourados
pelo chão.
João Campião
Soldado dourado Francês
Esquerdo ao lado de Inglês
Sentado no meio do português
Matando a fome na mesa do Irlandês.
Eduardo Tomé
O sapo escorregou na casa de banho
desanimado chorou com a sanita
e pediu-a em namoro.
Eliany
O rato corria na distante escada
este rasgão mentia a cada episódio estúpido
Jecira
O poeta não escreve
Fala e escuta
O silvo dos pássaros
E constrói ternuras
Eu…
Eu que fora outrora
Um deles, voei alto
Abri savanas e suspirei como um elefante
Na terra húmida e vermelha
Eu
Escrevi como um justo num lugar árido
E mais…
venci a noite
Desenterrei o aroma de xerez a terra
Achei sinais perdidos nos fios pardos dela
E esqueci a riqueza,
os haveres que os homens acumulam
Os sítios sórdidos
Até extingui de todo
Ser água, pó, grão
Eu morria
Ela nascia
Miguel Coxe
Mostro o rosto louco
às estrelas responsáveis
e encosto-me a remar.
Paulo
Camarada rato camarão
com cara hostil
chora uma rampa de molho
homem espantralho com um tressolho no olho
do tamanho de um repolho
Sandra
O cão esperto prostitui-se à sombra
o ladrão sonâmbulo mostra a esperança
João
Pela terra espalhamos ruído
até o aroma romper as tendas da esperança.
Rui
A raposa nadou com o rato
a rapariga cansada do sapateiro
o nadador com casa modesta
acabaram radiantes e enamorados.
Junisa
De rosto coberto
corria o amado
num fato de lama
corria cansado
de tomate na mão
agrediu o sentimento
era normal
fugia do casamento.
Dulcineia
Ostenta decadência racional
desde macaco a maluco,
marca tendências ao Ramalhão
rapidamente hostil e repente manso
Desço rápido escadas, partindo ossos
tendo marcas raras
hostil, mas maroto,
posso confirmar as armas...~
Afirmo quadra, marco expressões,
ao ponto de palpitar corações...
sinto os erros, supeitos amados...
Fados perdidos... enganados,
mata a rainha dos explorados.
Mania de mandar nos tarados...
Anatilde
Desvanecia-se o amor
sentia-se a dor
hostil, mal avassalador
Doía-me
Uma flor crescia e florescia
mas o amor, ainda o sentia
agonia em demasia
réstia de alegria
Doía-me.
Leonor
Em Roma com um papel
uma tela cheia de bandeiras
um frasco de mel
enquanto espero pelas freiras
roendo uma moela
faço-te aquela mistela
num quadro com uma teia
Desenho-te essa cara feia
Pedro
1oº 3
O veneno é como a maldade
A máscara uma espécie de alucinação
Quando é posta sem qualquer vontade
Cai logo depressa sem hesitação
Sulema
Sofia mexia na pastelaria pastéis
Na missa o Pedro assistia ao terror
Vera
Naquela zona a menina que namora
Às escondidas
Mariana
Sonhar mistura sentimentos desesperados.
Tu desvendas-me sem que eu queira.
Pareces uma túlipa em vão.
Aissatu
Ia sozinha pela terra
e sentia-me como antes
ao mexer-lhe com ternura
Márcia
Seria esta Daniela Albina
Espantada por alguém
Na memória guarda memória engraçada
De Almada onde oferecia algodão da varanda.
Mércia